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quinta-feira, agosto 05, 2004

Sobre Nada
O que é a vida senão mais que uma sucessão de acontecimentos e experiências que nos levam a um qualquer sítio. Mas que sítio será esse? Será que somos nós que o costruímos ou já estará pré-designado como uma qualquer planta que quando semeada acabará por germinar... Será que a nossa germinação não será a mesma que o nascimento de um pinheiro... Será que o nosso xilema e floema não será igual a um qualquer humor de uma rosa.
Qualquer precalço que nos possa afectar pode não ser não mais que um simples cortar um pé de roseira que por um lado nos fere, nos faz adaptar, mas por outro lado pode originar uma nova planta.
Se assim é por que nos preocupamos tanto com o "andar da carruagem" quando esta não tem outra solução senão andar pelos infindos e paralelos carris. Ou seremos além de passageiros também motoristas que em certas ocasiões podemos mudar de linha ou mesmo invertar a marcha!?
Mas se não está tudo predesignado então também podemos cair no crasso erro de pensarmos que nos automandamos e portanto cair na tentação de obstruir qualquer regra/lei/dogma que está instituído na nossa cultura/sociedade.
Assim sendo será que se por um ou outro acaso não poderemos mudar completamente a nossa vida... Será que caso abandonemos tudo o que temos por equilibrado e, por um exemplo, mudemos de cidade, país, vida... iremos ter a nossa vida ou uma outra? Aquele que acreditar na predesignção pensará que esta mudança não surge ao acaso mas mandatado por algo que mesmo ele não poderá atribuir, ou caso se trate daquele que à fé nada atribui ao simples desenrolar do Universo! Na outra perspectiva, aquele que se auto-determina pensará que uma nova vida nasce, um novo ser vai crescer e atribuir significados diferentes dos que aqueles que interiorizara antes...
Mas será que tudo isto não interesse, e que não sejamos mais do que seres "pre-determinados" pelas classificações inerentes às nossoas características biológicas e sociais? Pois um novo ser não nascerá com certeza nesta situção referida de ruptura, i.e., tudo o que tenha sido até então apreendido ir-nos-à influenciar de uma maneira ou de outra pois essa é a nossa rota biológica. Num outro local ou espaço toda a nossa existência será orientada de modo a satisfazer as nossas necessidades biológicas ou culturais. De modo que caso haja um desiquilíbrio, o objectivo, o qual o nosso organismos psico-socio-biológico vai tentar equilibrar, vai ser o de inexoravelmente contrapor com um outro desiquilíbrio orientado numa mesma direcção, mesma intensidade, só que de sentido contrário!
Assim não podemos pensar em actos puramente bons, ou puramente bons por parte de outrém ou mesmo nossos... Pois para todo um acto bom, vai ter que haver um desiquilíbrio mau de modo a compensá-lo!
Chega-se então à conclusão que não podemos sequer pensar em orientar a nossa rota num determinado caminho pois, e caso isso aconteça, leva-nos inconscientemente a uma vida radical/fundamentalista. isto porque ao estabelecermos um caminho, um sentido, vamos ser pressionados a desenvolver forças compensatórias de sentido contrário. forças estas que, caso sejam apercebidas e consciencializadas nos levarão a recalcamentos que levarão a uma cascata de desiquilíbrio pois seríamos tentados a desenvolver novas forças de sentido inicial de intensidade maior... o que nos levaria por fim a orientar a nossa vida já não no sentido de obedecermos a determinadas normas e comportamentos, mas sim uma vida de tentar não cumprir determinadas normas/leis/comportamentos inversos aos que queríamos orientar o nosso saber e viver.
Poder-se-à dizer então que estamos perante uma "não-vida" e não uma "vida"!!?!?
Será que é assim que nos oreintamos mesmo inconscientemente? Será por fim em vão tudo o que até aqui vivemos?
Conclui-se então que o que vivemos não é pre-determinado pois todos nós orientamos a nossa vida no sentido perfeitamente inverso ao que deveria ser..............

manuelsc@netcabo.pt
Até à próxima

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